
Quem sabe dizer “não” vive mais feliz e ganha o respeito dos outros.
Para algumas pessoas, recusar um pedido ou mesmo impor limites nas relações é uma tarefa complicadíssima.
Afinal, desde a infância que somos incentivados a nos esforçar para socializar com os outros. Num misto de solidariedade e compromisso, aprendemos a estar sempre à disposição.
Neste cenário em que declinar o que quer que seja vai contra os ensinamentos incorporados e ainda desperta o medo de magoar, é comum acreditarmos que ao dizer ‘não’ vamos decepcionar o outro e até perder o seu afecto. Para muita gente, aceitar tudo é uma condição para manter relacionamentos, ser amada e aceite.
Por outro lado, fica mais fácil impor a própria vontade quando se está seguro em uma relação. Isso explica porque muitas vezes é mais fácil recusar um pedido dos pais do que do parceiro ou parceira. Você sabe que mesmo com discussões, a família sempre será mais tolerante enquanto que as hipóteses de perder o afecto e a atenção do cônjuge são mais reais.
No ambiente profissional é mais fácil “engolir sapos”, porque o funcionário pode ser mal visto ao recusar um trabalho ou pedido de um colega.
Em todos os outros tipos de relação, no entanto, o receio de dizer ‘não’ simplesmente não deveria existir.
Nesses casos, a gentileza, a amizade e a solidariedade são realmente qualidades louváveis, mas não ao custo da auto-anulação, ou seja, da supressão das próprias vontades e ideias para agradar. É importante relevar algumas coisas e atender aos desejos do outro, mas não constantemente.
Aceitar, de pronto, todos os pedidos alheios costuma provocar um sentimento de frustração.
As pessoas arrependem-se de dizer “sim” e depois são atormentadas por aquele mal-estar durante algum tempo. É precisam ter em mente que qualquer relação precisa de limites, pois, além da amizade, do amor e da camaradagem, a nossa individualidade também está presente.
Já quem consegue ser assertivo, equilibrando no “sim” e “não”, em geral, vive mais feliz.
Já reparou que muitas vezes a pessoa muito boazinha nem sempre é a mais valorizada?
Posicionar-se é uma forma de mostrar ao mundo que você faz escolhas sobre a própria vida e que exige que elas sejam respeitadas.
Diante de qualquer pedido que lhe cause incómodo ou mal-estar, peça tempo para pensar antes de responder. Tente analisar as consequências do que vai dizer.
Se aceitar, qual é o impacto que você provocará no outro?
Isso vai ajudar a reforçar a imagem positiva que ele tem de si?
Qual é o preço que você terá que pagar por isso?
Vale a pena?
Muitas vezes, a tensão que se instaura depois do “não” dura menos do que o sentimento negativo que faz o indivíduo se remoer por dentro, ao perceber que contrariou as próprias vontades.
No entanto, para se impor, não é preciso agredir ou ofender.
Uma recusa pode ser acompanhada por uma atitude de respeito pelo outro e de uma boa dose de gentileza, é mais fácil aceitar e compreender um “não” que vem amparado por uma justificativa honesta e delicada.
Para justificar a recusa, basta mostrar que as perspectivas divergem, sem querer ditar o que é certo e o que é errado.
Não sabemos com clareza se a outra pessoa entenderá nosso ponto de vista. Quem pede algo com a certeza de que será atendido tende a ficar mais incomodado diante da negativa. No entanto, se após as explicações o outro permanecer irredutível a ponto de mudar a maneira de se relacionar, cabe uma avaliação sobre a relevância desta amizade.
Afinal, num relacionamento saudável, todos devem ter a liberdade de se expressar e de se colocar.